Por quê? (14) Assim, não
Cláudio Amaral
Quando eu freqüentava um curso de pós-graduação em Jornalismo, na Casper Libero, na Avenida Paulista, 900, um dos mestres criticou a distribuição dos jornais diários da Capital paulista.
Achava um absurdo cada jornal colocar um veículo nas ruas da nossa cidade para entregar jornais.
A Folha mandava um.
O Estadão, outro.
E tínhamos ainda os veículos do Diário Popular (hoje Diário de S. Paulo), da Gazeta Mercantil, do DCI e do Jornal da Tarde, que naquela época saia às ruas em horário diferente do Estadão.
Estudioso do assunto, o mestre que nos ensinava e nos orientava em nossas pesquisas, estudos e teses foi além.
Certa noite, deu uma de profeta e nos disse:
“Chegará o dia em que cada rota de distribuição de jornais será feita por apenas um veículo”.
Como eu não alcancei de imediato o pensamento do mestre, disparei:
- Como, mestre?
E ele, paciente como todos os mestres, respondeu:
“Um único veículo levará a Folha, o Estadão, o JT, o DCI, a Gazeta Mercantil... Ou seja: todos os diários matutinos irão juntos para as bancas e as casas e escritórios dos assinantes e leitores”.
Duvidei, mas fiquei quieto.
Pensei, meditei e continuei a escutar as profecias do mestre.
Aquelas aulas jamais me saíram da cabeça.
E sempre que delas me lembrava, duvidava.
Afinal, era difícil imaginar que membros das famílias Frias (Folha) e Mesquita (Estadão) um dia se sentariam à mesma mesa.
Pois não que sentaram.
Sim, lá se vão quase 30 anos após minhas aulas na Casper Libero.
E a verdade é que o mestre tinha razão.
Tanto que, hoje, para meu desespero, eu não tenho opção.
Só me resta acordar às 6h30, fazer minhas necessidades fisiológicas, abrir a janelinha da porta de casa e esperar o Estadão chegar lá pelas 7h30.
Pois, como disse o entregador de jornais da minha rua:
“Não adianta, doutor, trocar o Estadão pela Folha, porque sou eu que entrego os dois, ao mesmo tempo”.
- Por quê?
Sei, não.
Quem souber que me diga.
(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968; professor e orientador de jovens jornalistas; palestrante e consultor de empresas para assuntos de comunicação institucional.
22/12/2007 17:38:15
Quando eu freqüentava um curso de pós-graduação em Jornalismo, na Casper Libero, na Avenida Paulista, 900, um dos mestres criticou a distribuição dos jornais diários da Capital paulista.
Achava um absurdo cada jornal colocar um veículo nas ruas da nossa cidade para entregar jornais.
A Folha mandava um.
O Estadão, outro.
E tínhamos ainda os veículos do Diário Popular (hoje Diário de S. Paulo), da Gazeta Mercantil, do DCI e do Jornal da Tarde, que naquela época saia às ruas em horário diferente do Estadão.
Estudioso do assunto, o mestre que nos ensinava e nos orientava em nossas pesquisas, estudos e teses foi além.
Certa noite, deu uma de profeta e nos disse:
“Chegará o dia em que cada rota de distribuição de jornais será feita por apenas um veículo”.
Como eu não alcancei de imediato o pensamento do mestre, disparei:
- Como, mestre?
E ele, paciente como todos os mestres, respondeu:
“Um único veículo levará a Folha, o Estadão, o JT, o DCI, a Gazeta Mercantil... Ou seja: todos os diários matutinos irão juntos para as bancas e as casas e escritórios dos assinantes e leitores”.
Duvidei, mas fiquei quieto.
Pensei, meditei e continuei a escutar as profecias do mestre.
Aquelas aulas jamais me saíram da cabeça.
E sempre que delas me lembrava, duvidava.
Afinal, era difícil imaginar que membros das famílias Frias (Folha) e Mesquita (Estadão) um dia se sentariam à mesma mesa.
Pois não que sentaram.
Sim, lá se vão quase 30 anos após minhas aulas na Casper Libero.
E a verdade é que o mestre tinha razão.
Tanto que, hoje, para meu desespero, eu não tenho opção.
Só me resta acordar às 6h30, fazer minhas necessidades fisiológicas, abrir a janelinha da porta de casa e esperar o Estadão chegar lá pelas 7h30.
Pois, como disse o entregador de jornais da minha rua:
“Não adianta, doutor, trocar o Estadão pela Folha, porque sou eu que entrego os dois, ao mesmo tempo”.
- Por quê?
Sei, não.
Quem souber que me diga.
(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968; professor e orientador de jovens jornalistas; palestrante e consultor de empresas para assuntos de comunicação institucional.
22/12/2007 17:38:15
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