Por quê? (6) Saudades


Cláudio Amaral

A vida é uma sucessão de por quês.

A minha vida, pelo menos.

E os por quês aumentam exatamente nos momentos de maiores dificuldades, angústias, tristezas, sofrimentos e fatos inexplicáveis (ou cujas explicações a gente custa a aceitar).

Nestes dias, por exemplo, quando, pessoalmente, vejo com profunda tristeza o drama da família do Amigo Paulo César Bravos, repórter fotográfico do Diário de S. Paulo, autor de enredos e sambas de sucesso, filho da Dona Cidinha, marido de Marilena e pai de minhas sobrinhas Vanessa, Thaís e Renata.

Sedado e imobilizado numa UTI do Hospital Paulistano, em São Paulo, após um acidente de bicicleta na Rua Borges de Figueiredo, na Mooca, na noite de 7 deste mês, Paulo César, o Paulinho Imprensa, me leva a lembrar dos amigos que fui deixando ao longo do caminho, em 57, quase 58 anos de estrada.

O primeiro de quem sempre me recordo é Domingos Baptista Andrade, meu colega de tantas jornadas em Adamantina, onde nasci e com ele convivi nos anos 1960. Como eu gostaria de reencontrar o Minguinho, que comigo trabalhou na Lavanderia e Tinturaria Adamantina, depois veio para São Paulo e nunca mais deu notícia.

Daquela época eu sinto saudades também dos meus companheiros de Seicho-No-Iê. Entre eles, Adhemar Shigueto Hayashi, os Kawabata (da fábrica de cadeiras), os Kano (da fábrica de carrocerias), os e as Kawano.

Penso com saudade também num bom número de professores. Do 1º Grupo Escolar ao Colégio Helen Keller, passando pelo Atheneu Bento da Silva e pelo Instituto de Educação de Adamantina.

Na solidão desta tarde de terça-feira, Dia da Consciência Negra, eu penso nos amigos que deixei, sem nunca mais ver nem ouvir falar, em Marília, em Campinas, em Campo Grande (MS), em Franca e por tantos lugares pelos quais passei nestes quase 58 anos.

Muitos eu ainda vejo pela televisão, ouço pelo rádio e leio pelos jornais, revistas e pela Internet.

São pessoas famosas e ou de destaque, como Clóvis Rossi, Ricardo Kotscho, José Maria de Aquino, Antero Greco, Fausto Silva, Roberto Godoy.

Outros tantos, nunca mais.

Por onde andará, por exemplo, minha querida Amiga Whalmir Anna von Koeling, cujo endereço eletrônico mudou e com quem eu nunca mais consegui me comunicar? Por que eu não consigo os novos telefones dela?

Felizmente, Ivan Kley, outro Amigo sumido, reapareceu dias atrás, trazendo em sua mensagem os endereços eletrônicos de César Kist e João Soares. Mas, o mundo do tênis profissional me deu outros tantos Amigos. Por onde andará, por exemplo, Marcelo Hennemann, os Hocevar e a querida Cláudia Carneiro Monteiro?

Por que, meu Deus, esse pessoal sumiu da minha vida, da minha mira, da minha agenda, do meu alcance?

Por quê?

Quem seria capaz de me dar notícias deles?

(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968; professor e orientador de jovens jornalistas; palestrante e consultor de empresas para assuntos de comunicação institucional.

20/11/2007 17:17:32

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