Por quê? (28) Irmão


Cláudio Amaral

Nunca imaginei que sepultar um irmão fosse tão dolorido.

E olha que eu já sofri as dores de quem sepulta um filho recém nascido, Cássio Fernando, há 32 anos; o pai, Lázaro Alves do Amaral, há mais de 20 anos; duas avós, Celeste, a paterna, e Durvalina, a materna; um avô, Zéca Ferreira, o materno; um tio muito querido, Walter Guido; um sogro de respeito, José Arnaldo; amigos e, recentemente, um cunhado muito próximo, o repórter-fotográfico Paulo César Bravos.

Mas, sepultar um irmão, o único, foi de doer fundo e forte no peito.

Clówis Francisco do Amaral, o único irmão que ‘seu’ Lazinho e dona Wanda me deram, tinha 54 anos e nasceu em Adamantina (SP), como eu e minhas irmãs Cleide e Clélia.

Ele morava em Uberaba (MG) com a segunda mulher, Bete, a filha Samantha, o enteado Rodrigo, o filho mais velho, Fernando, a nora e a netinha Clara, de apenas nove meses.

Era torcedor do Santos FC, representante comercial e sócio de uma empresa distribuidora de cigarros.

Ano passado, quase nos deixou sem aviso prévio, por conta de um ataque do coração.

Socorrido prontamente e muito bem atendido lá mesmo em Uberaba, foi operado, recebeu pontes de safena e mamária, recuperou-se plenamente e voltou a trabalhar e a viajar pelo interior de Minas Gerais.

E foi na viagem da semana passada, retornando para casa, após uma semana de ausência, que Clówis nos deixou repentinamente.

O veículo que ele dirigia se chocou com outro, que trafegava em sentido contrário, por volta das 17 horas de quinta-feira, dia 17 de janeiro de 2008, quando faltavam apenas 35 quilômetros para meu irmão reencontrar a família, em Uberaba.

A colisão foi tão violenta que ele teve traumatismo craniano e morte instantânea.

O velório aconteceu na residência da família, no tradicional bairro da Abadia, um dos mais conhecidos de Uberaba.

Bem vestido, graças a um terno azul claro do qual ele gostava muito, a uma camisa branca e a uma gravata muito bem escolhida, meu irmão foi velado por centenas de parentes, amigos e conhecidos.

A maioria levou o último adeus a Clówis Francisco do Amaral também junto à sepultura 144 da quadra Z do novo cemitério de Uberaba.

E ele foi para a última morada com um semblante sereno e um leve sorriso nos lábios.

Mais que isso, Clówis levou com ele o amor, o carinho, o respeito e a admiração da família, dos amigos e dos colaboradores.

E conosco deixou as boas lembranças de uma vida de luta, sofrimentos e muitas vitórias, vividas e conquistadas em Adamantina, em Marília, em São Paulo, em Bauru e por último em Uberaba.

Deixou também as lágrimas e a dor da perda, porque, embora saibamos que ele seguiu desta para uma vida melhor, foi impossível vê-lo partir sem chorar e sem sentir algo muito dolorido no peito.

Por quê?

Ah... e você ainda pergunta por que?

(*) Cláudio Amaral clamaral@uol.com.br é jornalista desde 1º de maio de 1968; professor e orientador de jovens jornalistas; palestrante e consultor de empresas para assuntos de comunicação institucional.

19/1/2008 16:56:29

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